A comunicação examina a relação entre a produção literária escrita e cinematográfica moçambicana e a política do internacionalismo proletário que foi reabilitada como parte do projecto soviético depois do fim do estalinismo. Os seus proponentes sublinharam o caráter internacional da luta de classes e a necessidade de solidariedade internacional em questões económicas e culturais. A Frente de Libertação de
Moçambique declarou a independência em 1975, posteriormente, em 1977, o Presidente moçambicano Samora Machel assinou acordos formais de cooperação com a União
Soviética e com o líder cubano Fidel Castro. A política da FRELIMO influenciou não apenas a selecção de títulos de filmes que o público moçambicano podia ver nas salas de cinema nos anos 80, mas também a própria produção cinematográfica do país. Cineastas e produtores moçambicanos visitaram repetidamente o Karlovy Vary International Film
Festival e a empresa Czechoslovak Filmexport exportou dezenas de títulos checoslovacos para Moçambique. Até os dias de hoje a política do internacionalismo inscreve-se nas obras da literatura escrita contemporânea ou na longa metragem moçambicana recentemente produzida Comboio de Sal e Açúcar (2016). A investigação do intercâmbio cultural (ou exportação cultural unilateral?) enquadra-se nos esforços europeus de descolonização do pensamento e das narrativas persistentes.